Fim da Dor - Capítulo Final - Por Amor e Fé, Os Dias em Auschwitz

Ficção de época para ensinar história.

HISTÓRIA COM FICÇÃO

Jamila Mafra

10/12/20252 min read

Com o passar dos meses, ficamos fisicamente mais fracas, mais magras, e eu já me sentia doente. Mas a esperança ainda não havia abandonado o meu coração, eu precisava manter a fé. Logo os sinais de que tudo aquilo estava acabando chegavam.

Ainda meses antes da nossa libertação, os nazistas pretendiam eliminar os prisioneiros doentes, queriam eliminar as provas do holocausto e do genocídio. Prisioneiros arianos foram para o lado direito e os judeus para o lado esquerdo. Os prisioneiros judeus foram conduzidos para serem mortos nas câmaras de gás, que seriam usadas pela última vez. Depois disso as câmaras foram implodidas.

Aquela noite havia sido de intensos bombardeios travados no céu. O exército russo se aproximava e mostrava sua fúria. Estávamos em estado de alerta. As bombas pareciam cair sobre nossas cabeças.

Mas as coisas não foram tão simples assim. Houve muita resistência por parte dos soldados alemães em se entregar, o que resultou na morte de dezenas de pessoas, entre elas soldados russos, alemães e prisioneiros.

Nós, que estávamos em Auschwitz, pudemos ouvir os tiros dos soldados soviéticos quando recebemos dos comandantes nazistas atônitos a ordem desesperada de retirada. Eles não queriam nenhuma testemunha de suas maldades no momento em que os russos chegassem.

Sob os olhos furiosos dos soldados alemães, fomos forçadas a deixar o campo e a caminhar sem rumo por aquela floresta adentro, dia e noite, sem reclamar. Todos os que não tinham condições de suportar a caminhada eram mortos na mesma hora. Muitos ficaram pelo caminho.

Eu, minha mãe e minha irmã, já cansadas, pálidas e febris, lutamos muito para manter nossos pés sobre o chão e sobreviver. Felizmente fomos alcançadas por soldados soviéticos que estavam à caça dos nazistas genocidas. Os soldados soviéticos trocaram tiros com os soldados alemães, que foram obrigados a se render, pois estavam em menor número. Abaixávamos para não sermos atingidas pelas balas no tiroteio. Os russos chegaram com mais poder de fogo.

Depois de tudo, fomos encaminhadas para carros e caminhões, pelos quais nos conduziram a hospitais. Não foi nada fácil resistir a tudo aquilo sem desfalecer de angústia, mas resistimos todo esse tempo com os olhos fitos na fé, na fé que não pode ser destruída pela pura e simples maldade humana, a fé que nos faz perseverar mesmo quando tudo ainda está escuro e não enxergamos saída.